A FRAGILIDADE DOS RELACIONAMENTOS
Hoje
me deparei com um soneto belíssimo, do poeta Vinícius de Moraes, intitulado Fidelidade, conhecido pela grande maioria e que descreve a finitude dos relacionamentos
e destaca que eles devem ser infinitos enquanto durem. O poeta ressalta o início de um romance em que existia zelo,
atenção, encanto. Depois, com o passar
do tempo, vem a rotina, o desinteresse
até chegar às desilusões, decepções ou até mesmo a
morte. Por isso, diz ele, “ que eu possa dizer do amor (que tive),
que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito, enquanto dure.”
Era assim a visão que ele tinha de um relacionamento amoroso.
Refletindo sobre o assunto, cheguei à
conclusão de que, a partir daí, aconteceu
uma revolução na cabeça dos jovens (eu era um deles) porque veio batendo de
frente a uma concepção arraigada
referente à durabilidade dos
relacionamentos afetivos, em que a
sociedade e toda a cultura de séculos havia
implantado nos corações e na maneira de ser de cada um. Era até algo que agredia os mais conservadores, que se tornava a grande maioria. Mas, por outro lado,
agradava aqueles que lutavam por mudanças, principalmente as mulheres, que se
sentiam as mais prejudicadas, porque, para elas, haviam leis rígidas a serem cumpridas,
enquanto que, para os homens, quase tudo era permitido.
Nesse
tempo, era praxe os filmes e os livros de contos que
terminavam com um final feliz, em que a mocinha ficava, sempre,
com o príncipe encantado e os dois viviam felizes para sempre. Era essa a concepção e a
mentalidade da época. Tanto é verdade, que as mulheres recebiam orientação
para suportar tudo, fazer de contas que
não viam, não sabiam, porque era “ruim
com ele, pior sem ele”.
A meu ver, começou daí a acontecer uma grande
transformação no interior de cada um. Foi o período
dos anos 60, quando veio a pílula
anti-concepcional , e os relacionamentos,
de modo geral, passaram a ser encarados como algo descartável, sem compromisso:
“Deu, deu, não deu, acabou. “Que seja
infinito enquanto dure”.
De um lado, temos que
convir que ninguém pode viver com o
outro por causa de padrões morais, nem para satisfazer só uma parte ou a
vontade da família. Porém, por outro lado, quase não se tem uma família tradicional, onde os filhos
cresçam vivenciando o amor de pai e mãe e experimentando a segurança de um lar
que testemunhe os valores morais e cristãos tão importantes na formação da personalidade dos
jovens. E o resultado é visível nas feridas que o divórcio produz no coração
das pessoas envolvidas no caso.
Na
época atual, todos querem e sonham ser felizes, mas alguns já vão para o altar
com o pensamento de que “estarei casado até quando o outro me fizer feliz”.
Acho que era esse o pensamento
do poeta em questão. “Que seja infinito enquanto dure”. Chegamos ao tempo do descartável. Antes eram
copos e talheres, agora são pessoas que são descartadas de nossas vidas.
A
consequência disso é que percebemos
tantos lares dilacerados, repartidos, crianças inseguras, medrosas, por não
terem a seu lado o cuidado e o braço
seguro do pai e da mãe,
e, assim, passam a viver no meio de um
eterno conflito, onde presenciam, constantemente, o tiroteio de palavras
ofensivas e até mesmo de agressões
físicas por parte daqueles a quem tanto amam.
A grande maioria dos jovens diz
ser essa a causa da fuga para as drogas e a bebedeira.
É tempo
de acordar. Se quisermos ver os nossos jovens crescerem felizes e equilibrados.
Queremos e temos o direito à felicidade. Porém, devemos alcançá-la tendo em
vista não só o nosso bem, mas também o
bem de todos. Para isso, a meu ver, é necessário amor e estar disposto à abrir mãos de algumas coisas que não são do agrado do outro para viverem a verdadeira unidade e assim serem uma só carne, provando a felicidade que eles tanto desejam. Queremos ser felizes e, para isso, temos que pagar um preço. Esse estilo de vida tem que partir de ambos, porque só de um lado não prospera.
Nos
tempos de agora, há a possibilidade de que os relacionamentos durem para
sempre, sem que fique neles o trincado da mágoa, decepção, queixas e
insatisfação? Dê a sua opinião.
Que todos nós sejamos felizes infinitamente.
Muito bom!
ResponderExcluirOtimo texto,tia!! Acredito que devemos ser felizes e realizados com as decisões que fazemos na vida!!Bjos Karoline Barguil
ResponderExcluirAproveito pra complementar que não somente das evoluções e revoluções sexuais que tiveram a partir da década de 60 que hoje pessoas são descartáveis umas as outras, mas também um grande contribuidor foi nossa TV - grande fábrica de ilusões e a falta de comunhão com Deus.
ResponderExcluirMuito bom!!
Tem um sociólogo que escreve sobre isso seu nome é Zingmum Baumman, ele fala sobre a fragilidade dos laços humanos, muito interessante, e parecido cm o que vc disse.
ResponderExcluirparabéns, a senhora escreve muito bem!
Lídia