O perigo de manter um coração ferido

     


Há dias, ouvi uma história que, à primeira vista, não me despertou atenção porque, inicialmente, a meu ver, era um relato corriqueiro que acontece no dia a dia das pessoas.
Era alguém que relembrava fatos de sua infância remota e que falava de um cachorrinho vira lata, cheio de sarna, mas que era muito amado pelo dono
e, como moravam em uma casinha muito pobre à beira de uma estrada, tinham sempre o cuidado de fechar a cancela para que o cãozinho não corresse em direção
aos caminhões e carretas que passavam na pista. Era a preocupação constante do seu dono, que amava muito o seu cãozinho.
Certo dia, alguém descuidou-se e deixou a cancela aberta. E não deu outra. Aconteceu o que seu dono temia. O cãozinho foi direto em direção à pista e teve a sua pata atingida pela roda de um caminhão
Imediatamente, o dono percebeu o que lhe ocorrera pelos granidos de dor e correu a seu encontro, colocou-o nos braços para socorre-lo. Porém, instintivamente, movido pela dor, o cão mordeu-lhe o braço e, segundo ele, a dor foi tão intensa que lhe atingiu o âmago da alma. Mesmo assim, o dono não o largou. Experimentando essa dor imensa o aconchegou em seu peito e o animalzinho foi se aquietando.
Na nossa vida, pode acontecer que tenhamos a mesma atitude do dono ou a reação do cãozinho. Como o dono, muitas vezes tentamos ajudar as pessoas, principalmente as que amamos. Elas, por estarem feridas pelos "caminhões ou tratores" que vão passando na estrada da sua vida, reagem agredindo a mão que lhe estende o socorro.
Essas feridas são decorrentes de desilusões, frustrações, desamor, traições, ingratidão, falsidade, perdas, lutos e tantos acontecimentos dolorosos que enfrentaram ao longo de suas vidas. Por isso, têm dificuldade de se relacionar bem com as pessoas, principalmente as que amam, daí é importante que se reconheçam feridas e necessitadas de cura, porque um coração ferido fere, machuca e agride a quem se aproxima dele mesmo que tentando ajudá-lo como foi o caso da historinha acima.
Portanto, meu caro leitor, se por uma mera coincidência, você conhece alguém que reage como esse cãozinho, mordendo e agredindo aqueles que ama e tentam ajudá-lo, nessas poucas linhas você poderá encontrar uma pista para indicar o caminho da cura.
         Ao analisar mais acuradamente a reação do cãozinho e do seu dono, vemos que o dono mesmo ferido, sentindo uma dor profunda na sua alma, não deixou de aconchegar o animalzinho ao seu peito, entendendo, naquele momento,  que a reação agressiva  partiu da dor da ferida e não de um sentimento
de raiva ou de ódio que ele tinha do seu dono. É importante que nos lembremos disso todas as vezes que formos atingidos por alguém com o coração ferido para que também o nosso coração não seja atingido.
Para aqueles que moldam a sua vida pela Palavra, lembre-se do que Jesus falou lá no Alto da Cruz: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Certamente, Jesus, que sabe tudo e conhece o coração do homem e as feridas que a vida lhes proporciona, entendeu perfeitamente a ação dos seus agressores e os perdoou, justificando-os, assim como o dono do cãozinho que mesmo sentindo a dor profunda da mordida ou agressão daquele  a quem tanto amava, não o abandonou.
Diante do que foi exposto, só nos resta identificar-nos  com os personagens e partir para uma solução: aceitar a ajuda da cura ou, se for o caso,  entender a situação de quem está ferido a seu lado, procurando ajudá-lo, sem que isso se torne um peso e uma ferida para você.
Seja firme, vá em frente, e  não se deixe atingir pelas pedras do seu caminho.
Que Deus te abençoe!




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