Medos
O ser humano traz no seu interior uma gama de
sentimentos que podem, muitas vezes, dificultar os seus passos. À medida em
permitimos ou não que eles tomem
proporção nas nossas escolhas, podemos ter, em nossa vida, resultados positivos
ou negativos.
Alguns desses
sentimentos são originários da nossa infância, onde grande parte das vezes não sabíamos
combater e nem tínhamos com quem partilhar e eles foram tomando corpo e se
avolumando de tal forma na nossa mente,
que,talvez hoje, repercuta em nossas decisões e atitudes. Aliás, a
própria psicologia explica que a personalidade do ser humano é formada dos zero
aos sete anos.
Engraçado como
muitas coisas da minha infância permanecem vivas no meu pensamento. Lembro-me
que, bem pequena, (mais ou menos uns 5 a 6 anos) quando chegava a hora do “recreio” no colégio,
as meninas maiores atacavam a minha “merendeira”. E eu não podia reclamar e nem
contar para a professora porque era ameaçada de levar uma boa surra quando terminasse
a aula. Por causa disso, o sentimento de
medo, passou a tomar conta do meu cotidiano e eu passei a ter pavor de ir à
escola. Diariamente, sentia dor de
barriga quando chegava a hora de me arrumar para ir ao colégio. O que acontecia
comigo era o que hoje se chama de bullying.
Como sempre, o
meu avô era atento para tudo o que acontecia a meu redor e passou a conversar
comigo para sondar o que se passava. Quando ele percebeu que eu estava com
medo, ele procurou investigar de mim o motivo e me falou uma frase que ficou para sempre no meu
coração: “Minha filha, não deixe que nada e ninguém amedronte você. Não tenha
medo de enfrentar pessoas, o que está a sua frente ou o que lhe irá
acontecer. O importante é se ter as mãos limpas e a consciência tranquila. O
resultado será sempre positivo e satisfatório quando se age dessa forma. Ninguém é tão forte, se perpetuando no mal,
que um dia não possa ser derrotado e nem
tampouco tão fraco que não possa defender-se e dar passos seguros em busca da
verdade e de seus ideais, quando age
honestamente com o objetivo de fazer o bem.
Com esse
direcionamento, a medida em que fui
enfrentando os obstáculos da vida, eu pude colocar em prática o ensinamento do
meu sábio avô, sem me esquecer, contudo, que tinha que ter como meta a consciência tranquila de
procurar fazer sempre o que é bom aos olhos de Deus. Esse é um requisito
importantíssimo para não trazermos dentro de nós o sentimento de inquietação, medo e insegurança.
Haverá sempre no mundo pessoas que armam ciladas e
fazem todo tipo de mal contra nós, doenças, dificuldades, tristezas, decepções,
morte e surpresas desagradáveis Mas, não podemos nos deixar dominar pelo medo
de ter que enfrentá-las, pois se isso acontece, seremos prisioneiros da nossa
própria fraqueza e insegurança.
Lembro-me também
do que um grande amigo, que já está
perto de Deus, me dizia: Quando a tristeza, a dificuldade aparecer, lembre-se
sempre de que ela vai passar. Ele nos fazia lembrar de algo que havia
acontecido há algum tempo conosco, que
nos havia deixado triste, abatido. Depois, perguntava: aquilo passou? Quando
lhe respondíamos positivamente ele arrematava: Isso que você está vivendo,
agora, também vai passar.
Essa lição de vida me ajudou bastante a enfrentar as minhas tribulações e dificuldades, ficando de pé, sem me descabelar, com o olhar para o alto na certeza de que a solução estará logo adiante.
Essa lição de vida me ajudou bastante a enfrentar as minhas tribulações e dificuldades, ficando de pé, sem me descabelar, com o olhar para o alto na certeza de que a solução estará logo adiante.
A fé também nos
ajuda a caminhar com confiança nas horas difíceis da nossa vida. Mas, a fé que eu preciso ter não é em mim e
nas pessoas, mas no transcendente que, para mim, é Deus, é Jesus vivo e Ressuscitado que está à
frente de quem Nele crê e confia e O
convida a entrar na barca da sua vida. É
Ele que é o comandante do meu barco e que não me deixa afogar se esse barco
furar. Ele está ao nosso lado, mesmo que
nos pareça estar dormindo. É Ele que nos momentos em que, muitas vezes,
levados pela sensação de que iremos perecer, olha para mim e para você e
nos pergunta: “Por que temeis homens de pouca fé?”
Por isso meu caro leitor, quero te dar esse
lembrete: “Lance fora o temor da tua vida”.
Aproveite esse período de final de ano para fazer
uma reflexão do que está guardado no armário da sua vida. Analise as suas
memórias e tente entender que, muitas de suas reações, como das minhas também,
são consequências do que passamos e que podem ter ficado mal resolvido dentro
de nós
Enfrente corajosamente o que a vida coloca diante
de ti, sabendo que você não é o único a passar por essas adversidades. Muitos
passaram por coisas ainda piores do que você e eu. Se eles superaram, acreditemos,
a vitória também chegará às nossas mãos.
Vamos em frente. Pé na tábua e fé em Deus!
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