INDIFERENÇA OU DESAMOR?

       
      Estamos vivendo a era do descartável e da indiferença.
                Há algum tempo, ao ver reportagens na TV sobre fatos chocantes, como, por exemplo,  homicídios, me dei conta de que aqueles que têm o coração sensibilizado,  sentem-se mal ao perceber a forma com que as pessoas se posicionam diante da dor e do  sofrimento do próximo. A maioria desses noticiários provém da periferia, onde há frequentes ocorrências policiais e,  enquanto a família está sofrendo pela perda de um ente querido  ali presente no chão, sem vida, aguardando o IML, os vizinhos e as crianças,  principalmente, estão ao redor, achando graça por serem  filmados,  e, por causa disso,  ficam sorrindo, fazendo gestos, brincando em frente das câmeras, completamente alheios à dor e ao sofrimento provenientes dessa situação. Porém, devo ressaltar, que a indiferença ocorre, não só na periferia, mas, também,  na  média e  alta classe social.
                Partindo  desse quadro, podemos fazer uma reflexão de como estamos nos comportando diante da dor do próximo, em grande e pequena escala. Penso assim porque , muitas vezes,  minimizamos a dor do outro, achando que é bobagem, porque não nos atinge diretamente e maximizamos a nossa  dificuldade, imputando aos demais até a indiferença, falta de atenção, de sentimento cristão em relação ao que estamos experimentando na pele.     Nesses últimos dias, tenho refletido sobre esse assunto porque ouvi no noticiário que o Papa Francisco  expressou  a sua opinião sobre esse mal, que ele chama de  globalização da indiferença, que assola o coração das pessoas no nosso século. E o pior está acontecendo, talvez até na casa de quem está lendo esse texto.  Cada um vive o seu mundo particular, ainda que sob o mesmo teto, mas sem se importar e se envolver com as dificuldades e interesses do outro. Geralmente, ligadas ao Smartphone ou celular, trancadas em seu próprio mundo, provocando, dessa maneira, o distanciamento uns dos outros.
                Essa indiferença é refletida na  própria sociedade, nos relacionamentos interpessoais, gerando nas pessoas a falta de paz, de confiança, de apoio e acolhimento, levando embora o companheirismo e  fazendo com que cada um fique preso ao que lhe interessa, buscando os seus próprios benefícios, ignorando  “o amor ao próximo como a si mesmo”, que é um mandamento universal de todas as religiões cristãs”.  
                Por estarmos vivendo em um mundo secularizado, onde a ganância, a autopreservação, o cada um por si e salve-se quem puder  fazem parte do nosso cotidiano, ouvir falar de amor ou de ajudar ao próximo, chega a soar forte no nosso ouvido e, frequentemente,  escutamos  desculpas de pessoas que argumentam serem impedidas de ajudar ou fazer o bem sem saber a quem porque colocam suas vidas em risco. E, nesse entendimento, é que mora o perigo. O perigo  de perder a nossa paz interior, a afeição natural pelo próximo, que,  independente de religião,  é um sentimento inerente ao ser humano, que o difere dos animais irracionais, porque  sem essa qualidade o homem se torna brutalizado, é o que presenciamos na sociedade contemporânea.
                Precisamos tomar consciência de que esse individualismo é uma barreira para que a nossa paz aconteça e que encontremos a felicidade que tanto almejamos. É necessário que haja, por parte de cada um a consciência e a convicção de que o caminho para vivermos felizes é dando as mãos uns para os outros. As pessoas que convivem conosco percebem, mesmo que não falem, o nosso individualismo ou cooperativismo. E isso traz consequências no nosso dia a dia. As nossas atitudes ou maneira de ser provocam aproximação ou distanciamento.
                Cada um é livre para escolher o seu caminho. Depois dessa reflexão, qual o caminho certo para você, sabendo que a sua escolha  lhe trará benefícios ou não. Você já optou pelo seu caminho?

                              

Comentários

  1. Como você está escrevendo bem, minha irmã! Cultive mais esse dom que Deus lhe deu.
    Beijos,
    Albanita

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